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Governança

A história contada por quem fez história

Vanderlei Farias de Oliveira

Diretor-executivo

"Orgulho de fazer parte da formação de um novo modelo cooperativo"

Lembro-me como se fosse hoje, uma nova organização nascia e trazia consigo um bojo de oportunidades, mas tinha em seu contexto muitos desafios, fundamentamos o principal como sendo credibilidade, visto que na época, os modelos cooperativos tradicionais enfrentavam muitos desafios econômicos, o que levaria então a macular tal iniciativa.

Muito antes, porém, em 27 de abril de 1982, abria-se as portas da Credisabal.  O presidente era Dr. Eclair Dumoncel da Rosa e, o diretor/gerente, Ovídio de Quadros Lírio, homem de vasta experiência como gestor de instituição financeira. Mais 26 produtores rurais, lideranças do município, formavam a cooperativa.

Iniciava-se um novo marco no cooperativismo de Santa Bárbara do Sul. Na sua essência e na avaliação técnica dos haveres financeiros e dos haveres monetários, fundamentava-se a criação e a formação de uma organização cujo objetivo principal era buscar no princípio da auto-gestão oportunidades de financiamentos para o meio rural, aos modelos existentes no resto do mundo, basicamente na Europa.

Muitos desafios nos foram propostos, desde a adesão até a disponibilidade de crédito e, ainda, um modelo de legislação esdrúxula, que não oportunizava ao cooperativismo de crédito estabelecer-se como uma instituição financeira comunitária.

Já puderam perceber que foi um caminho deveras pedregoso, mas fomos imensamente persistentes e esse é o principal motivo do meu orgulho. Lutamos com todas as forças por aquilo em que acreditávamos.  Ou seja, nas ideias propostas pelos modelos econômicos vindouros, necessários para um desenvolvimento mais equitativo à sociedade como um todo, o que fatalmente impactaria num aprimoramento da legislação vigente.

E aí meus caros, trabalhamos...trabalhamos muito! E fomos conseguindo demover obstáculos decorrentes daquilo que mencionamos anteriormente. O desenvolvimento foi acontecendo aos poucos, mas logo resultou em bons serviços prestados, embora fosse para um grupo reduzido de associados.

 

O maior de todos os obstáculos

 

Sim, o pior estava por vir. Não bastasse as dificuldades que já enfrentávamos, surge o primeiro plano econômico. Num fatídico 28 de fevereiro, o ano era 1986, o Plano Cruzado, do então Presidente José Sarney, chegou para complicar um pouco mais a nossa vida.  Isso porque a medida significou a mudança do modelo econômico e, consequentemente, a derrocada definitiva do jovem cooperativismo de crédito no país. Causa essa, que fez com que as lideranças estaduais não mais vissem a sustentação deste modelo em função da fragilidade em produtos e serviços, que eram oferecidos aos associados.

Foi então que surgiram outras jovens lideranças idealistas, na qual me incluo, que acreditavam nos princípios fundamentais daquilo que estávamos construindo e de que o modelo econômico apresentado no presente plano, não se sustentaria. A partir daí, novas ondas de dificuldades.  Adequações e adaptações incríveis foram necessárias para subsistir neste modelo econômico implantado. Mas o importante é que conseguimos transformar cada uma delas em motivação e oportunidades.

Depois vieram outros planos econômicos e fomos adequando conceitos e legislações ao ponto de suplantar a todos e, mesmo diante dessas dificuldades, graças a adesão e ao entendimento dos produtores rurais da região, conseguimos nos desenvolver e formar no município de Santa Bárbara do Sul uma cooperativa de crédito pujante e vista pela nossa comunidade como uma organização de credibilidade, bem conduzida e prestadora de bons serviços aos seus associados.

 

Bom exemplo para o Rio Grande

 

Os anos foram passando e nossa cooperativa crescia e se desenvolvia, o que fez com que passássemos a sermos vistos pelo Sistema de Crédito Cooperativo do Rio Grande do Sul como a organização modelo do estado, no que diz respeito a todos os itens de avaliação de uma instituição financeira comunitária.

Em meados da década de 90 me despertou curiosidade o processo de globalização que estava sendo implantado no mundo no qual, fundamentalmente, se pretendia um aprimoramento das transações comerciais entre todos os países, oportunizando aos povos seu desenvolvimento. Me debrucei a estudar o caso  e constatei a necessidade de as organizações aumentarem a sua escala, pois as demandas seriam crescentes. O desafio, neste momento, era introduzir o cooperativismo neste segmento macro e descobrir como, mesmo ainda incipiente, ele poderia contribuir para esse novo modelo econômico mundial. O fato é que esse movimento traria ao cooperativismo novas oportunidades, desde que adequado, visto a participação e a socialização dos mercados.

 

Um olhar visionário para o futuro

 

Para mim o futuro era claro. Precisávamos nos unir a outras cooperativas, com vistas ao fortalecimento da entidade e à lógica óbvia de melhoria da escala e do aprimoramento às oportunidades oferecidas aos associados. E foi exatamente o que propus à diretoria da cooperativa. Uma ideia ainda frágil enquanto conceito, é verdade, mas fundamentada em princípios de desenvolvimento. Após muitas discussões, a diretoria me autorizou a liderar o movimento de fusão da nossa cooperativa. Aí foi a vez de iniciar uma discussão com as lideranças estaduais. Ninguém disse que seria fácil, a iniciativa foi considerada, no mínimo, exagerada e descabida, visto que o sistema não considerava a modalidade uma perspectiva de desenvolvimento para o cooperativismo de crédito.

Não desisti, aprimorei meus conhecimentos e argumentos e retornei várias vezes aos dirigentes estaduais, propondo um piloto a ser avaliado no futuro.  Recebi então o desafio de um planejamento detalhado, avaliando todas as ameaças e as oportunidades e, também, o resultado financeiro de tal pretensão, pois viam como  principal ameaça a relação política, dada a extinção de diretorias constituídas e, principalmente, a visão dos associados de que a sede da sua cooperativa não seria mais no seu município.

Demovemos por derradeiro este argumento, provando aos nossos dirigentes estaduais que através das oportunidades, gestão profissional, de eficiência e de eficácia, certamente transporíamos também estes obstáculos, lastreados em princípios básicos do cooperativismo.

Passamos então a contar com o apoio político do Sicredi do Rio Grande do Sul para efetuar fusões com outras coirmãs regionais e  iniciamos as conversações com Cruz Alta, Júlio de Castilhos e Tupanciretã.

 

Eis o Sicredi Planalto!

 

Após tratativas, formamos então, uma nova organização.

Por uma questão geográfica, colocamos o nome fantasia de Sicredi Planalto e mantivemos a nossa cooperativa de Santa Bárbara como incorporadora. Iniciamos os trabalhos após a fusão, enfrentamos muitos desafios, tanto de ordem política, como de ordem técnica, para que conseguíssemos atingir os mesmos níveis de eficiência e produtividade que tínhamos na cooperativa incorporadora. Isso demandou um tempo razoável e um longo ajuste nas equipes.

A expectativa era grande em todo o Sicredi brasileiro, pois tal iniciativa era de vanguarda e  éramos, na época, visitados e indagados por co-irmãs, inclusive de outros estados, para entender  a forma, os fatos, o resultado e, principalmente, a receptividade dos associados ao novo modelo, pois representávamos uma nova alternativa aos modelos tradicionais do cooperativismo.

Lá se foram mais de duas décadas. O orgulho e a satisfação de fazer a diferença na vida financeira dos associados só cresce. Somos uma instituição financeira cooperativa com todos os produtos e serviços bancários, mas preocupada em promover o desenvolvimento sustentável dos associados, possibilitando a agregação de renda nas suas atividades e fomentando o desenvolvimento regional através dos  programas sociais.  

O Sicredi Planalto segue pujante, uma organização modelar para todo o país, sendo uma das mais  rentáveis, eficientes e produtivas do Brasil.