Encontro Interestadual do PUFV reúne cerca de dois mil educadores
Evento online realizado pelo Sicredi proporcionou momentos de trocas entre profissionais da educação, com palestras sobre os desafios da área na atualidade
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Palestrante Elisa Zingano
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Palestrantes Guto Niche e Raquel Karpinski
Questionamentos sobre o modelo educacional vigente, educação globalizada e integral, bem-estar dos profissionais da área e professores como agentes transformadores. Estes foram alguns dos temas apresentados durante o 12º Encontro Interestadual do Programa A União Faz A Vida, promovido pelo Sicredi nos dias 29 e 30 de agosto, de forma online. O evento reuniu aproximadamente dois mil profissionais da educação de todo o País. Para aqueles que não participaram, as palestras estarão disponíveis para visualização até o fim de setembro. Para assistir basta acessar https://www.encontroauniaofazavida.com.br/. No site também está disponível uma pesquisa de satisfação, destinada aos participantes, que ao responderem receberão o certificado de participação.
“Transformando o espaço educacional” foi tema da palestra de abertura, ministrada por Guto Niche. Já no início, o palestrante explicou que espaço educacional é tudo aquilo que acolhe o ecossistema educacional, principalmente as pessoas inseridas nele, sendo elas as responsáveis pelas mudanças. “Nossa primeira reforma educacional é a reforma existencial do professor, do aluno e da comunidade escolar”, pontuou. E ainda afirmou que para ressignificar os modelos mentais da educação e transformar o espaço educacional é preciso inovar e estar aberto ao que é diferente.
Durante a palestra, Niche defendeu que as salas de aula precisam ser espaços de experiências significativas de aprendizagem e questionou o modelo educacional implantado atualmente: “Será que o jeito que a gente ensina e constrói conhecimento faz sentido no momento contemporâneo ou é um modelo mental dos nossos ex-professores?”.
De certa forma, esta pergunta foi respondida pela segunda palestrante do evento, Raquel Karpinski, ao abordar o tema “Preparando para o Futuro. Oportunidades no Ensino Fundamental”. Ela falou sobre os desafios da educação globalizada, que diferencia a forma com que os alunos aprendem atualmente e que tem como consequência a necessidade da formação continuada dos profissionais da educação. Também abordou sobre a implantação da educação integral, que olha para a criança em todas as dimensões: cognitiva, física, intelectual, social, emocional e cultural.
“A partir da inovação para um processo de aprendizagem, a considerar os contextos e o diagnóstico daquela realidade, ao encontro de um recorte geracional contemporâneo, conseguimos possibilitar a transformação e ir ao encontro dessa educação integral, tão necessária para nossa sociedade”, afirmou Raquel.
Por meio do Encontro, o Sicredi buscou impactar professores e profissionais da área para colaborar para a transformação social através da educação. “O PUFV é desenvolvido no País há 28 anos, beneficiando e contribuindo com escolas públicas e particulares através de uma metodologia inovadora, que coloca o aluno como protagonista do próprio aprendizado. Da mesma forma, por meio dos Encontros, proporcionamos aos educadores um momento de aprendizagem e troca, para que eles se enxerguem como agentes transformadores e protagonistas da transformação no ambiente escolar”, afirmou o presidente da Central Sicredi Centro Norte, João Spenthof.
E para transformar o ambiente educacional, os professores e gestores da educação devem, primeiramente, observar e se preocupar com seu próprio bem-estar. Este foi o mote da palestra “Cuidar de si para transformar o outro”, ministrada por Elisa Zingano, no segundo dia do Encontro. Segundo ela, o bem-estar integral - que reúne saúde (física e psicológica), a prosperidade (carreira e sustentabilidade financeira), o social (relacionamento e pertencimento) e a transcendência (espiritual e intelectual) – é um equilíbrio pessoal fundamental para que os profissionais da educação façam a diferença junto aos alunos.
“Precisamos estar muito atentos sobre o quanto é importante e urgente que a gente olhe para a saúde mental, para que não coloque mais o tema do bem-estar como algo secundário ou coadjuvante, mas sim como um ponto crucial para que a gente se mantenha bem, se mantenha sustentável e saudável”, ressaltou Elisa.
O tema também foi comentado durante palestra de Leandro Karnal, intitulada “Educadores, agentes transformadores”. Para ele, os professores devem ser protagonistas e acreditar que suas ações podem transformar. E o que é ser protagonista? Cuidar de seu corpo, da sua saúde mental, reconhecer seus limites, ter resiliência e estar sempre renovando seus conhecimentos.
“Se eu for para a sala de aula com um sentimento protagonista de que eu posso melhorar, imediatamente as pessoas passam a dar o máximo de si. Ser protagonista, em primeiro lugar, é não acreditar em discursos derrotistas, porque vamos convir se eu acho que não vale a pena educar o melhor a fazer é não educar e ir me dedicar a outra tarefa”, exemplificou Karnal.
Assim como Elisa, ele ainda alertou os profissionais da educação sobre a necessidade de cuidado com a saúde mental. “Reconheça seus limites. Professores são atacados de ansiedade, especialmente domingo à noite, de insônia quase todos os dias, de síndromes de pânico e depressão. Se você sente que está escapando do controle, procure ajuda. O magistério é uma função desgastante, dirigir pessoas é uma função desgastante. A mente tem o mesmo limite do corpo. Se forçar, eles irão sair do controle”.
Karnal também discorreu sobre a necessidade de continuar aprendendo, pois atualmente não basta ser formado em curso da faculdade, é necessário estar sempre adaptando o conhecimento para o novo mundo e as novas tecnologias. Para além disso, frisou a importância de se entender sobre neurodiversidade e como isso impacta na aprendizagem dos alunos e em como o professor pode se portar diante disso. “Educação não é ter conteúdos muito decorados, educação é ter uma nova atitude diante do mundo”, pontuou.