As marcas de destruição deixadas pela enchente histórica que assolou o Rio Grande do Sul entre o fim de abril e começo de maio ainda são perceptíveis na maioria dos municípios do Estado. No período mais crítico, a mobilização do povo gaúcho e a ajuda vinda de todo o país foram fundamentais para que a tragédia não fosse ainda maior e muitas famílias pudessem recomeçar suas vidas. O Sicredi, como instituição financeira próxima das comunidades, promoveu diversas frentes de atuação para ajudar na reconstrução das regiões afetadas.

Um destes movimentos foi baseado no 6º princípio do cooperativismo, a Intercooperação, onde as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais força ao movimento cooperativo ao trabalhar em conjunto por estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.  Nesse sentido, a cooperativa Sicredi Centro Serra RS contou com a ajuda de duas cooperativas paranaenses para ajudar no recomeço de muitas famílias. Logo após as enchentes, a Sicredi Progresso RS/SP e a Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ promoveram uma mobilização para arrecadar doações em prol da região Centro Serra. O resultado foi a entrega de mais de 3 mil itens para doações, sendo eles calçados, roupas e outros materiais de uso pessoal.
 

Mobilização que envolveu muitas mãos.

Responsável por organizar as doações recebidas, o gerente de Comunicação e Marketing da Sicredi Centro Serra RS, Fausto Lutero Wagner, afirmou que o princípio cooperativista da intercooperação se mostrou muito forte durante as enchentes. Atualmente, o sistema Sicredi possui mais de 100 cooperativas espalhadas pelo Brasil, que promovem o cooperativismo por meio de valores universais como a cooperação, solidariedade e ajuda mútua, conceitos que estiveram muito presentes quando as consequências das enchentes começaram a aparecer. 

De acordo com Fausto, a oferta de ajuda chegou por colegas da área de Comunicação, com quem tem um bom relacionamento há mais de 10 anos. “A nossa preocupação número um foi receber as doações que vieram das duas cooperativas do Paraná. A número dois foi encontrar uma estratégia para que as doações chegassem a quem realmente necessitasse, pois havia rumores de doações malsucedidas. Prontamente, mobilizamos nossa rede de contato na área de Educação para que os professores das escolas fizessem um levantamento minucioso com os alunos, com nome da criança e número do calçado”, destacou.

Depois de terem atendido a totalidade dos pedidos nas escolas, a cooperativa ainda contava com muitos itens disponíveis para doação. A fim de dar um destino útil para os itens, decidiu-se por mobilizar as cooperativas escolares para organizarem os materiais e destinarem para famílias vulneráveis. “Os programas de Educação desenvolvidos pelo Sicredi foram fundamentais para conseguirmos destinar o restante das doações. Os alunos das Cooperativas Escolares receberam o Desafio da Solidariedade, que foi mapear necessidade no entorno das escolas e elaborar estratégias de seleção e distribuição. Isso fez com que elas pudessem se mobilizar na prática para ajudar pessoas de sua comunidade”, finalizou. 
 

Doações de longe que aqueceram corações da nossa região.

Em Prudentópolis, sede da Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ, a situação vivida pelo povo gaúcho provocou uma comoção entre os colaboradores da cooperativa, que então decidiram arrecadar doações e criar uma conta PIX para arrecadar valores para serem adquiridos itens essenciais para as famílias atingidas. Segundo a gerente de Comunicação e Marketing da cooperativa, Sabrine Cappellari Ribeiro, logo após divulgarem a campanha, as doações começaram a chegar de colaboradores, associados e empresas que ofereciam grandes descontos para a compra dos calçados e meias. 

Com os recursos arrecadados em PIX e verbas extraordinárias, a cooperativa adquiriu meias, roupas íntimas, roupas infantis, toalhas de banho e 87 cestas básicas, entregues para famílias da região Centro Serra. Após a mobilização, o sentimento de dever cumprido em ajudar outras comunidades fortaleceu ainda mais o espírito cooperativista. “Ao fim de todo esse movimento, o sentimento era de comoção, de orgulho por estarmos fazendo algo de concreto e de muita gratidão por ajudar as pessoas. Trabalhamos com sorriso no rosto e lágrimas nos olhos”, relatou Sabrine.

Na Sicredi Progresso PR/SP, de Toledo, a solidariedade também esteve presente para ajudar a região Centro Serra. Segundo a presidente da Associação dos Colaboradores (ACESP) da Sicredi Progresso PR/SP, Daniele Lenz, ao verem a gravidade da situação, logo entraram em contato para ajudarem de alguma forma. A Associação decidiu abraçar a causa e se mobilizou para juntar doações entre os próprios colaboradores, divulgando internamente para os demais colegas da cooperativa. “Após recebermos as doações, fizemos a triagem dos materiais para envio dos materiais. Toda a cooperativa se mobilizou, cerca de 400 pessoas estiveram unidas em prol da solidariedade. Foi muito especial mobilizar a cooperativa de forma solidária para essa ação com os colegas. Esperamos que essa mobilização possa ter trazido um conforto e esperança durante esse período tão difícil”, salientou.
 

Um alento para quem mais precisou.

A segunda-feira, dia 29 de abril, ficará marcada para sempre na memória da família de Airton Clério Kopp, de 58 anos, sua esposa e os dois filhos. Moradores da Costa do Rio, interior de Candelária, eles vivenciaram as graves consequências ocasionadas pelas enchentes que atingiram todo o Estado. “Na segunda-feira, dia em que começou a chover forte, eu estava na cidade e iria voltar de ônibus com meus dois filhos e a minha irmã, mas no momento que chegamos na ponte que leva a nossa localidade, a água já estava passando por cima da ponte de acesso a nossa localidade e não conseguimos passar”, contou.

Preocupada com a esposa, Dorilda Perreira da Silva, de 41 anos, que havia ficado sozinha em casa, decidiu voltar sozinho para encontrar a mulher. Os filhos Nícolas Jeremias Kopp, de 14 anos, e Leonardo Isaias Kopp, de 12 anos, além da irmã de Airton, foram se abrigar na cidade junto de parentes. Até chegar na sua propriedade, o agricultor enfrentou a força da água e desmoronamentos, que o fizeram passar no meio da floresta para encontrar sua esposa e avisar do ocorrido. Já na escuridão, encontrou a Dorilda preocupada com a situação, pois a chuva não parava e o nível do rio aumentava a cada minuto. “Nossa casa não foi atingida por pouco, o rio atingiu um nível que nunca tínhamos visto antes. O rio fazia um barulho muito alto e não conseguimos dormir naquela noite, estávamos muito preocupados”, lembrou, emocionado.

Durante 10 dias, a distância dos filhos foi presença constante na vida de Airton e Dorilda, que permaneceram sem luz por duas semanas, incomunicáveis em virtude dos estragos. Além da distância, os agricultores precisaram conviver com uma paisagem de destruição, com perdas nas nossas lavouras de aipim, batata-doce, milho, banana, além dos canteiros de tabaco, principal fonte de renda da família. “Além disso, tivemos perdas de alimentos que estragaram por não termos energia elétrica. Muitas roupas e calçados nossos se estragaram porque tínhamos que caminhar na lama e barro para arrumarmos as coisas. As crianças ficaram sem nenhum calçado bom para usarem”, lembrou.

Após as águas diminuírem, a solidariedade se fez muito presente na vida da família. “O Sicredi nos ajudou muito logo no início com calçados e roupas, que foram destinados para os alunos e suas famílias das regiões atingidas e meus filhos acabaram recebendo. Essa doação foi muito importante, pois os nossos calçados estragaram com todo essa enchente, tivemos que caminhar bastante no barro e pela mata, então a gente receber esses calçados e roupas limpas foi muito importante nós. Sou muito grato pela atitude que tiveram em ajudar as regiões atingidas, como as crianças e suas famílias”, contou, emocionado.

Agora, o foco da família está na reconstrução, que já começou assim que as águas baixaram e o acesso à localidade foi liberado. “Temos que recomeçar de algum lugar, já plantamos nosso fumo, estamos agora nos preparando para plantar ele e termos uma safra boa para conseguirmos juntar dinheiro novamente”, ressaltou o agricultor, que finalizou. “Temos que agradecer que estamos com saúde. Esquecer vai ser difícil, vamos ficar um tempo vivendo as marcas da enchente, mas temos que seguir em frente”, concluiu.
 

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